sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Publicidade e desonestidade semântica

Se o rival mais difícil está em nossa cabeça, nada melhor do que entender como e porque ele (s) entrou (aram) lá. É disso que trata o nosso segundo vídeo, Psicologia e Consumo. O autor ilustra muito bem a forma como as relações sociais são estruturadas a partir do estímulo do consumo por meio de, principalmente, propagandas áudio-visuais. Por meio delas não apenas um determinado produto é vendido mas formas de perceber o mundo e as outras pessoas são difundidas à exaustão causando em muitos casos uma confusão semântica onde um produto e um valor (estético, ideológico, moral) são confundidos e até mesmo tornam-se sinônimos, mesmo que sejam esencialmente antagônicos. No caso dos comerciais escolhidos, apesar de serem de marcas diferentes e países diferentes a mensagem é basicamente a mesma: rivalidade.

No caso da FIAT, a paixão afirmada na assinatura do comercial sugere um sentimento doentio, possessivo pelo bem material que isola o proprietário atrás dos vidros fechados e possibilita a este a ignorância do outro. O ciclista, na propaganda, assume o papel do estorvo, do elemento perturbador da comunhão perfeita entre homem e máquina. Mas que fique bem claro que se trata de uma relação monogâmica e assim sendo a cada automóvel, caberá apenas um indivíduo e nenhuma tentativa de cooperação entre a simbiose homem/máquina e qualquer elemento externo será tolerada.

 

Pode-se dizer que na propaganda da Volkswagen o objetivo é prospecção de mercado. Cada criança tem seu sonho individualista (mas como diria Raul: sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só). O carro, como meio de realização pessoal, é instrumento de afirmação da masculinidade. E o melhor sonho, é o sonho que possibilita a vantagem quantitativa de ter  ao invés de uma loira vestida de preto, sete loiras vestidas de preto ao mesmo tempo. Quem não gostaria de ter um carro assim?

O que realmente nós precisamos é saber diferenciar o que nós realmente queremos do que o mercado quer que nós queiramos. Diferença estabelecida, inverte-se toda a lógica da relação consumidor mercado: ao invés de nós precisarmos dele de forma tão desesperada ficará muito claro que ele precisa de nós muito mais. Afinal, quantas empresas existiriam de fato se cada pessoa consumisse apenas o necessário para o seu uso e conforto?

O post anterior tratou um pouco da desonestidade semântica da publicidade na propaganda de automóveis. A Anabananasplit, lá de Portugal, também trata desse tema e nos proporciona belos espécimes desse verdadeiro circo de horrores que é a publicidade automotiva em sua página no flickr. Vale a pena conferir aqui.




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Fonte: http://oquehaveradepoisdacurva.wordpress.com/2008/11/01/mais-do-mesmo/
Editado e Postado: Fredson Oliveira

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