terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Semântica nos livros Didático

Desde os primórdios os grandes estudiosos da língua atribuíram as transformações por esta sofrida á fonética, ou seja, sempre se acreditou que a língua sofria mutações devido aos sons da fala; quando na verdade as translações no tempo e espaço é que atribuíram novas significações a elas até estender-se ao estudo dos sentidos relativos às frases para que estas não fossem apenas reprodutoras de informações.

Desta maneira o homem, o tempo e o espaço gradativamente atribuem novas acepções as palavras e expressões de acordo com as suas necessidades fazendo analogias aquilo já existente na linguagem como forma de se fazer entender; como uma espécie de contrato social da comunicação global; assim como as abreviações, as derivações, as metáforas entre outras foram surgindo.

Conclui-se, portanto que a semântica introduz na língua uma flexibilidade deixando um grande espaço para os novos sentidos que uma palavra pode vir a adquirir. Os estudos da semântica na educação abrem as portas para a construção efetiva das produções de texto, visto que, é através dela que pouco a pouco se constrói o sentido das palavras e frases de acordo com o seu contexto levando o leitor-escritor a reflexão sobre a escolha dos recursos a serem utilizados e o seu por que, dependendo do efeito ou impacto que se planeja atingir.

Como forma de ilustração podemos usar a propaganda que tem uma linguagem que se difere de estudos científicos já que cada um tem o seu objetivo particular. A semântica permite mais do que ler um texto e escrevê-lo, permite compreendê-lo, é através dela que nos engajamos a procurar os contextos a que certas colocações foram feitas e assim caminhar rumo à complexidade das expressões que foram surgindo na língua, as suas acepções e suas determinações em cada momento de uma colocação.

Se realizarmos uma leitura rigorosa em livros didáticos de língua portuguesa, quer seja-nos mais antigos ou nos mais modernos, tanto nos destinados ao ensino fundamental quanto nos destinados ao ensino médio, excetuando-se raríssimas exceções, constataremos que a significação, o estudo do sentido de uma palavra, sintagma, frase, texto ou discurso recebe nesses compêndios pouquíssima atenção.

Temas mais “nobres” como ortografia, acentuação, classificação das palavras, regência, concordância, colocação pronominal, entre outros ocupam praticamente todas as páginas dos manuais didáticos de língua portuguesa. Ao olharmos para a história do livro didático no Brasil constatamos que esses manuais seguem até hoje certa lógica que prioriza questões ortográficas e sintáticas. As questões semânticas quando aparecem, ou figuram marginalmente, ou são tratadas da mesma maneira que uma questão gramatical.  Essa lógica está presente desde o primeiro livro didático de Língua Portuguesa, “Compêndio da Ortografia da Língua Nacional, de A. A. P.”. Coruja, publicado no Rio de Janeiro pela Tipografia Francesa em 1848.

Num livro didático mais “moderno” como o de Tesoto & Discini (1994), intitulado “Novo texto & contexto” da Editora do Brasil de São Paulo, destinado a alunos da quinta a oitava série do ensino fundamental, embora o compêndio se proponha como uma obra que procura priorizar a interpretação de texto, portanto objetiva dar conta de uma questão de ordem semântica, o que prevalece na prática são exercícios que pouco têm a ver com problemas semânticos.

A título de exemplo, para corroborar nossa afirmação, mobilizamos a proposta de exercício presente na página 159: “Redação”. “Conotação e denotação”. “1 - Crie frases conotativas com essas palavras: noite, caminho, entardecer, relógio, avião e 2 – Crie frases conotativas com esses verbos: apagar, secar, inundar, plantar”.

O exercício proposto trata de um tema semântico, conotação/denotação, da mesma maneira que são tratados temas gramaticais. O tratamento didático dado ao tema semântico da conotação-denotação proposto por Tesoto & Discini se constitui num forte argumento em defesa de nossa hipótese de trabalho de que a significação figura apenas marginalmente e gramaticalizada nos manuais didáticos de língua portuguesa.

Tal postura adotada pela grande maioria dos manuais didáticos de língua portuguesa implica uma redução muito grande das atividades que poderiam e deveriam ser realizadas pelo professor em sala de aula. Os compêndios didáticos ao privilegiarem apenas conteúdos gramaticais deixam de sugerir aos professores outras possibilidades de explorar os processos de criação de sentidos, abrindo assim perspectivas para um ensino de língua portuguesa mais criativa e motivada.

No livro “Português tempo de comunicação” de Ana Barbieri, Nilce Gadelha e Norma Discini observamos que a pouca atenção dada ao estudo da significação pode ser uma característica que empobrece o estudo da língua materna, no que tange o ensino fundamental e médio. Sabemos que há uma grande preocupação em ensinar ao aluno regras gramaticais, em fazê-lo um repetidor de "rótulos" contidos na gramática e para isso é dedicado muito tempo de aula à Sintaxe, entretanto o tempo dedicado ao estudo semântico é insignificante.

Ora, esse descompasso é preocupante e problemático, pois as relações significativas permeiam desde sempre a vida do aluno, seja na leitura de um "outdoor", seja na construção de imagens que ele tem de fazer para interpretar um poema, seja ouvindo uma piada em que ele, necessariamente, constrói o significado, enfim a Semântica está presente em seu cotidiano e ele o percebe de diversas maneiras, enquanto que a Sintaxe não é, muitas das vezes, perceptível em seu dia-a-dia. 

Com esses exemplos, verificamos que a Semântica ainda não recebe um tratamento adequado nos estudos lingüísticos. Contudo, entendemos que a semântica tem um papel importante nos estudos lingüísticos; não há como separar o estudo dos significados e os estudos sintáticos. 

Fonte: http://influenciacaos.blogspot.com/2010/10/semantica-nos-livros-didatico.html

Postado e editador por: Fredson Oliveira

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